segunda-feira, 31 de agosto de 2009

As músicas / PAS - 3º ano:




Caetano Veloso vestindo parangolê de Hélio Oiticica. Foto de Geraldo Viola
- Tropicália e Podres Poderes, de Caetano Veloso;

- Parabolicamará, de Gilberto Gil;

- Que País é Esse? da Legião Urbana;

- Caça e Caçador, do Angra;

- Rosas, do Atitude Feminina;

- Pega, Ladrão, de Gabriel, o Pensador;

- Jesus Cristo Superstar, de Andrew Lloyd Weber

- Ionization, de Edgar Varèse

- Apassionata, de Beethoven

quarta-feira, 19 de agosto de 2009

Tropicalismo



"eu organizo o movimento, eu oriento o carnaval..." (Caetano Veloso, em Tropicália)

O Tropicalismo foi um movimento de ruptura que sacudiu o ambiente da música popular e da cultura brasileira entre 1967 e 1968. Seus participantes formaram um grande coletivo, cujos destaques foram os cantores-compositores Caetano Veloso e Gilberto Gil, além das participações da cantora Gal Costa e do cantor-compositor Tom Zé, da banda Mutantes, e do maestro Rogério Duprat. A cantora Nara Leão e os letristas José Carlos Capinan e Torquato Neto completaram o grupo, que teve também o artista gráfico, compositor e poeta Rogério Duarte como um de seus principais mentores intelectuais. Os tropicalistas deram um histórico passo à frente no meio musical brasileiro. A música brasileira pós-Bossa Nova e a definição da “qualidade musical” no País estavam cada vez mais dominadas pelas posições tradicionais ou nacionalistas de movimentos ligados à esquerda. Contra essas tendências, o grupo baiano e seus colaboradores procuram universalizar a linguagem da MPB, incorporando elementos da cultura jovem mundial, como o rock, a psicodelia e a guitarra elétrica. Ao mesmo tempo, sintonizaram a eletricidade com as informações da vanguarda erudita por meio dos inovadores arranjos de maestros como Rogério Duprat, Júlio Medaglia e Damiano Cozzela. Ao unir o popular, o pop e o experimentalismo estético, as idéias tropicalistas acabaram impulsionando a modernização não só da música, mas da própria cultura nacional. Seguindo a melhor das tradições dos grandes compositores da Bossa Nova e incorporando novas informações e referências de seu tempo, o Tropicalismo renovou radicalmente a letra de música. Letristas e poetas, Torquato Neto e Capinan compuseram com Gilberto Gil e Caetano Veloso trabalhos cuja complexidade e qualidade foram marcantes para diferentes gerações. Os diálogos com obras literárias como as de Oswald de Andrade ou dos poetas concretistas elevaram algumas composições tropicalistas ao status de poesia. Suas canções compunham um quadro crítico e complexo do País – uma conjunção do Brasil arcaico e suas tradições, do Brasil moderno e sua cultura de massa e até de um Brasil futurista, com astronautas e discos voadores. Elas sofisticaram o repertório de nossa música popular, instaurando em discos comerciais procedimentos e questões até então associados apenas ao campo das vanguardas conceituais. Seguindo a melhor das tradições dos grandes compositores da Bossa Nova e incorporando novas informações e referências de seu tempo, o Tropicalismo renovou radicalmente a letra de música. Letristas e poetas, Torquato Neto e Capinan compuseram com Gilberto Gil e Caetano Veloso trabalhos cuja complexidade e qualidade foram marcantes para diferentes gerações. Os diálogos com obras literárias como as de Oswald de Andrade ou dos poetas concretistas elevaram algumas composições tropicalistas ao status de poesia. Suas canções compunham um quadro crítico e complexo do País – uma conjunção do Brasil arcaico e suas tradições, do Brasil moderno e sua cultura de massa e até de um Brasil futurista, com astronautas e discos voadores. Elas sofisticaram o repertório de nossa música popular, instaurando em discos comerciais procedimentos e questões até então associados apenas ao campo das vanguardas conceituais. Sincrético e inovador, aberto e incorporador, o Tropicalismo misturou rock mais bossa nova, mais samba, mais rumba, mais bolero, mais baião. Sua atuação quebrou as rígidas barreiras que permaneciam no País. Pop x folclore. Alta cultura x cultura de massas. Tradição x vanguarda. Essa ruptura estratégica aprofundou o contato com formas populares ao mesmo tempo em que assumiu atitudes experimentais para a época. Panis et Circensis e os primeiros discos de Caetano Veloso e Gilberto Gil. Enquanto Caetano entra em estúdio ao lado dos maestros Júlio Medaglia e Damiano Cozzela, Gil grava seu disco com os arranjos de Rogério Duprat e da banda os Mutantes. Nesses discos, se registrariam vários clássicos, como as canções-manifesto “Tropicália” (Caetano) e “Geléia Geral” (Gil e Torquato). A televisão foi outro meio fundamental de atuação do grupo – principalmente os festivais de música popular da época. A eclosão do movimento deu-se com as ruidosas apresentações, em arranjos eletrificados, da marcha “Alegria, alegria”, de Caetano, e da cantiga de capoeira “Domingo no parque”, de Gilberto Gil, no III Festival de MPB da TV Record, em 1967.
Irreverente, a Tropicália transformou os critérios de gosto vigentes, não só quanto à música e à política, mas também à moral e ao comportamento, ao corpo, ao sexo e ao vestuário. A contracultura hippie foi assimilada, com a adoção da moda dos cabelos longos encaracolados e das roupas escandalosamente coloridas. O movimento, libertário por excelência, durou pouco mais de um ano e acabou reprimido pelo governo militar. Seu fim começou com a prisão de Gil e Caetano, em dezembro de 1968. A cultura do País, porém, já estava marcada para sempre pela descoberta da modernidade e dos trópicos.

Arte de Intervenção




INTERVENÇÃO/TERINVENÇÃO - A arte de inventar e intervir diretamente sobre o urbano, suas categorias e o impacto no cotidiano.Wagner Barja

Nos grandes centros urbanos, a arte de intervir sobre o estabelecido pode gerar dúvidas e tensões de várias naturezas. Historicamente há diversas formas de intervir com arte na natureza ou na paisagem, seja ela urbana ou rural. Por definição, o conceito de natureza parte de sua espontânea presentificação ambiental, sem um planejamento prévio. Já a paisagem admite um logus, ou seja, uma lógica espacial, pensada de forma a organizá-la para gerar um lugar idealizado.O lugar pensado como suporte e o interator da ação artística pressupõem o pensar a cidade em toda sua complexidade, sua história, sua lógica sócioespacial e sua geografia física e humana, postas em consonância com os elementos e fundamentos conceituais para a elaboração de um projeto artístico de intervenção urbana. Pode-se, de certa forma, também considerar esse suporte/cidade, ou um determinado lugar, como um receptor não-fixo e não-passivo, mas variável e de caráter transitório, um multiplicador capaz de trazer ao projeto de intervenção um alto grau de visibilidade e interatividade com seus componentes espaciais e humanos, tendo-se em conta elementos primordiais como: os indivíduos, o fluxo urbano coletivo, o trânsito, a arquitetura, a paisagem, o clima, a cultura e os demais fenômenos ocorrentes nesse espaço público onde tal intervenção se inscreve.Partindo desses pressupostos, passa-se a entender a arte da intervenção urbana como uma manifestação que vem abarcar com a transversalidade dessa rede de conceitos, que brotam em campos de dimensões diversas e variáveis muito abrangentes no ambiente da cultura artística contemporânea. Essas características híbridas da linguagem da intervenção urbana são capazes de ultrapassar, inclusive, as fronteiras da própria arte, projetando-se na vida cotidiana, como foi preconizado nas vanguardas históricas da Alta Modernidade do início do século XX, em que a arte deveria fazer parte vida.Entender a cidade, seus atores e seus equipamentos públicos como um meio e suporte flexível e também um lugar predestinado a esse modelo de arte é pensar e querer dar conta de uma determinada sociedade e de seus possíveis. Intervir é interagir, causar reações diretas ou indiretas, em síntese, é tornar uma obra interrelacional com o seu meio, por mais complexo que seja, considerando-se o seu contexto histórico, sociopolítico e cultural.Desse conceito de espaço participativo – considerado como receptor ativo para uma manifestação artística pública e ampliada, como queria Joseph Beuys, seminal artista e pensador alemão, um dos precursores dessa linguagem – decorre uma arte mais acessível e menos ‘museável’, coexistente e imbricada nas questões diversas da cidadania e em consonância com esse lugar social idealizado. Entenda-se que a natureza desses lugares idealizados, independente de suas escolhas e segundo as prerrogativas das intervenções artísticas para eles pensadas, poderão contribuir para elevar o índice de fruição nas propostas, caso essas atendam ao sentido primeiro de integração do espaço escolhido com o meio cultural já determinado. Dessa forma, o lugar escolhido poderá estar situado em um grande e movimentado centro urbano ou num deserto, pois o que importa é a adequação do espaço/socioidealizado e a natureza da intervenção. Há, em contraposição ao conceito de lugar idealizado, o conceito de ‘não lugar’, um termo adotado para se referir aos espaços de convivência pública, cuja concepção situa-se no limbo dos estilos arquitetônicos, considerados uma assimilação equivocada das boas arquiteturas. São áreas concebidas por princípios estéticos que rolam na esteira de um gosto pasteurizado e duvidoso, determinado pela média da sociedade de consumo, cujas características culturais adaptam-se às condições espaciais planejadas com um único objetivo: o de abrigar, nessas vias públicas e nos seus templos de consumo, inúmeras ações pseudoartísticas. Essas atividades ‘artísticas’ são forjadas por uma indústria cultural de massa, que visa a um consumidor cultural, geralmente destituído do acesso à formação e senso crítico, o que impossibilita o seu ingresso às práticas do exercício da sensibilidade, da escolha e o incapacita para assimilar uma necessidade de experimentação, de interação com a obra de arte. Essas capacidades são fundamentais à comunicabilidade da arte.As prerrogativas acima são destacadas como imprescindíveis ao crescimento da cultura visual de uma sociedade, enfatizando-se, também, a importância disso para a garantia de um processo de liberdade de expressão e fruição nas artes de nosso tempo.

Teatro do Oprimido de Augusto Boal




Histórico movimento teatral e modelo de prática cênico-pedagógica criada e desenvolvida por Augusto Boal nos anos 1970. Possui características de militância e destina-se à mobilização do público, vinculando-se ao teatro de resistência.
Para fazer frente à censura e à repressão desencadeadas pelo AI-5, Boal incrementa sua aproximação com as propostas de Bertolt Brecht. Inspirado na peça didática, monta Teatro Jornal, 1971, com o Núcleo 2 do Teatro de Arena. A encenação, aberta ao improviso, utiliza notícias do dia, comentadas pelos atores sob diversos modos. Outros textos também são utilizados para polemizar, extrair contradições e pontos de vista divergentes contidos num mesmo relato. Chega, desse modo, a uma crítica global das formas narrativas tradicionais, exposta no texto O Sistema Trágico Coercitivo de Aristóteles, no qual tece as bases de sua proposta e faz críticas à Poética.
Em exílio, iniciado em 1971, percorre diversos países da América Latina. No Peru, em 1973, participa de uma campanha de alfabetização, ocasião para novas experiências e aprofundamento conceitual. Seguindo Paulo Freire, que propunha uma pedagogia elaborada pelos e não para os oprimidos, Boal aspira criar uma prática teatral revolucionária, que incite os oprimidos a lutarem pela sua libertação. Chega então às formas do teatro invisível e do teatro foro, cujo esquema dramatúrgico é basicamente o mesmo: uma cena curta contendo uma situação de opressão é apresentada para, num momento seguinte, o ator que desempenha o papel de oprimido ser substituído por um voluntário da platéia. Este deverá, improvisando, trazer saídas válidas que contornem ou destruam a fonte opressora.
Em países europeus, onde a repressão dá-se em níveis mais sutis, Augusto Boal desenvolve o teatro imagem e o arco íris do desejo, variantes que enfocam aspectos subjetivos e interpessoais da sociedade (preconceitos raciais ou a opressão machista, por exemplo), ampliando o perfil psicoterapêutico do teatro do oprimido e vinculando-o às lutas das minorias.
Nas décadas de 1970 e 1980 o diretor reside na França e cria centros de difusão do oprimido em muitos países da Europa e de outros continentes. Ao voltar para o Brasil, em 1983, difunde o movimento do oprimido e funda o Centro do Teatro do Oprimido em 1986. Eleito vereador do Rio de Janeiro em 1992, cria o teatro legislativo, outra variante de suas propostas. Entre 1993 e 1996 são trabalhados perto de quarenta projetos, dos quais treze são promulgados e se transformam em leis.
O Teatro do Oprimido congrega hoje grupos em todo o Brasil, com ênfase no Estado do Rio de Janeiro, especialmente vinculados às ações pela cidadania. Difundido em todo o mundo, estudado por teóricos de áreas variadas, foi comemorado com a grande exposição Augusto Boal: Os Próximos 70 Anos, em março de 2001, no Rio de Janeiro.
Do ponto de vista artístico, o oprimido pode ser alinhado às experiências militantes das vanguardas russa e alemã dos anos 30 (a proletkult, o agit-prop e os blusões azuis), e à atuação da San Francisco Mime Troup e do Teatro Campesino, nos Estados Unidos dos anos 1960. Sociologicamente, representa uma variação politizada do sociodrama, vertente que nos anos 60 desenvolve-se como o equacionamento cênico dos conteúdos sociais, a partir do psicodrama de Moreno, de 1930. Do ponto de vista ético, como uma variante mais restrita da peça-didática brechtiana, uma proposta que une o teatro à pedagogia de ação direta.

Manifesto Comunista de Marx e Engels




Karl Marx e Friedrich Engels tinham, respectivamente, 30 e 28 anos quando o Manifesto do Partido Comunista foi publicado em 1848. Este texto transformou o mundo e suas relações. A luta de classes foi declarada o motor da história e do progresso da humanidade. O Manifesto pregava a destruição da ordem burguesa e todo o poder aos excluídos.

Introdução - Um espectro ronda a Europa, o espectro do comunismo. Todas as potências da velha Europa unem-se numa Santa Aliança para conjurá-lo: o papa e o czar, Metternich e Guizot, os radicais da França e os policiais da Alemanha.
Que partido de oposição não foi acusado de comunista por seus adversários no poder? Que partido de oposição, por sua vez, não lançou a seus adversários de direita ou de esquerda a pecha infamante de comunista?
Duas conclusões decorrem desses fatos:
1ª — O comunismo já é reconhecido como força por todas as potências da Europa;
2ª — É tempo de os comunistas exporem, à face do mundo inteiro, seu modo de ver, seus fins e suas tendências, opondo um manifesto do próprio partido à lenda do espectro do comunismo.
Com este fim, reuniram-se, em Londres, comunistas de várias na­cio­na­li­da­des e redigiram o manifesto seguinte, que será publicado em inglês, francês, alemão, italiano, flamengo e dinamarquês.
“Proletários de todos os países, uni-vos!”

O Manifesto Comunista foi um marco da literatura política socialista onde Karl Marx, juntamente com Friedrich Engels fala aos proletariados sua importância e seu papel político. Publicado em 1848, ainda hoje influência partidos políticos e grupos sociais. O livro, relativamente curto e de leitura simples, é dividido em quatro partes: Burgueses e Proletários, onde é delineado o papel do burguês e como este chegou ao poder, desde o feudalismo e como surgiu o proletariado, obrigados a vender sua força de trabalho para sobreviver. Proletários e Comunistas, relativo ao surgimento do comunismo e como ele pode apoiar o proletário em sua luta por melhores condições frente aos burgueses. Literatura Socialista e Comunista, que lista e comenta vários seguimentos de socialismo e qual a sua influência e importância na política Européia. Trata-se de uma crítica ferrenha aos que, até o momento, diziam "proteger o trabalhador". São expostos seus interesses e suas falhas e mostram porque não funcionam. Há uma considerável parcialidade e forte desdém neste capítulo. Posição dos Comunistas Frente aos Diferentes Partidos de Oposição, em que os autores mostram como devem os comunistas se portar diante dos opositores políticos e quais são suas razões e o que defendem. O livro termina com a célebre frase: "Proletariado de todo o mundo, uni-vos" tão citada e parodiada até hoje. É síntese de tudo em que Marx acreditava: o desejo do fim do poder dos estados e a união dos trabalhadores sob uma mesma bandeira. Em suma, Manifesto Comunista é um livro imprescindível para quem quer entender como revolucionários pensam e suas motivações para a luta. Para historiadores e pessoas politizadas, uma leitura obrigatória.

quinta-feira, 13 de agosto de 2009

A Pós-Modernidade / Frederic Jameson




Os últimos anos têm sido marcados por um milenarismo invertido segundo o qual os prognósticos, catastróficos ou redencionistas, a respeito do futuro foram substituídos por decretos sobre o fim disto ou daquilo (o fim da ideologia, da arte, ou das classes sociais; a “crise” do leninismo, da socialdemocracia, ou do Estado do bem-estar etc.); em conjunto, é possível que tudo isso configure o que se domina, cada vez mais freqüentemente, pós-modernismo. O argumento em favor de sua existência apóia-se na hipótese de uma quebra radical, ou coupure, cujas origens geralmente remontam ao fim dos anos 50 ou começo dos anos 60. Como sugere a própria palavra, essa ruptura é muito freqüentemente relacionada com o atenuamento ou extinção (ou repúdio ideológico ou estético) do centenário movimento moderno. Por essa ótica, o expressionismo abstrato em pintura, o existencialismo em filosofia, as formas derradeiras da representação no romance, os filmes dos grandes auteurs ou a escola modernista na poesia (como institucionalizada e canonizada na obra de Wallace Stevens) são agora vistos como extraordinária floração final do impulso do alto modernismo que se desgasta e se exaure com essas obras. Assim, a enumeração do que vem depois se torna, de imediato, empírica, caótica e heterogênea: Andy Warhol e a pop art, mas também o fotorrealismo e, para além deste, o “novo expressionismo”; o momento, na música de John Cage, mas também a síntese dos estilos clássico e popular que se vê em compositores como Phil Glass e Terry Riley e, também, o punk rock e a new wave (os Beatles e os Stones funcionando como o momento do alto modernismo nessa tradição mais recente e de evolução mais rápida); no cinema, Godard, pós-Godard, o cinema experimental e o vídeo, mas também um novo tipo de cinema comercial (a que voltarei mais adiante);Burroughs, Pynchon ou Ishmael Reed, de um lado, e o nouveau roman francês e sua sucessão, do outro, ao lado de um novo, e alarmante, tipo de crítica literária baseada em uma nova estética da textualidade ou da écriture... A lista poderia se estender ao infinito; mas será que isso implica uma mudança ou ruptura mais fundamental do que as mudanças periódicas de estilo, ou de moda, determinadas pelo velho imperativo de mudanças estilísticas do alto do modernismo? Mas é no âmbito da arquitetura que as modificações da produção estética são mais dramaticamente evidentes e seus problemas teóricos têm sido mais consistentemente abordados e articulados; de fato, foi dos debates sobre arquitetura que minha concepção do pós-modernismo – como esboçada nas páginas seguintes – começou a emergir. De modo mais decisivo do que nas outras artes ou na mídia, na arquitetura as posições pós-modernistas são inseparáveis de uma crítica implacável ao alto modernismo arquitetônico, a Frank Lloyd Wright e ao assim chamado estilo internacional (Le Corbusier, Mies etc.) Aí, a crítica e a análise formal (da transformação do edifício em escultura virtual, típica do alto modernismo, ou em um “pato” monumental, segundo Robert Venturi) incluem uma reavaliação do urbanismo e da instituição estética. Nessa ótica, atribui-se ao alto modernismo a responsabilidade pela destruição da teia urbana da cidade tradicional e de sua antiga cultura da vizinhança (por meio da disjunção radical dês eu contexto ambiental do novo edifício utópico do alto modernismo), ao mesmo tempo que o elitismo e o autoritarismo proféticos do movimento moderno são implacavelmente identificados no gesto imperioso do Mestre carismático. ( Fragmento do livro Pós-Modernismo – A Lógica Cultural do Capitalismo Tardio, de Fredric Jameson. Editora Ática, São Paulo, 2007.)

Woodstock 1969 - Jimmi Hendrix



O ano de 1969 foi marcado mesmo pelo festival Woodstock o maior de todos os festivais de rock, realizado no fim de semana de 15 a 17 de agosto, em Bethel , Nova York , um mes depois do homem ter pisado na lua. O evento se chamava Woodstock Music & Art Fair, subtitulado "Primeira Exposiçao Aquariana". Seu slogan "tres dias de paz e música" logo foi modificado para "tres dias de paz e amor". O valor do ingresso para o fim de semana era 18 dólares, mas a maior parte do público invadiu o local derrubando as cercas (como pode ser visto no filme "Woodstock" de Michael Wadleigh). A música rolou quase sem parar para meio milhão de jovens, com um cast de artistas que formavam um verdadeiro Quem é Quem do rock.
Na manha de segunda feira, dia 18 de agosto, sob um imenso sol alaranjado, Jimi Hendrix sobe ao palco, brindando aqueles que ainda nao tinham ido embora do local, com sua interpretaçao do hino nacional dos EUA, "The Star Spangled Banner" arrancando de sua guitarra explosões de bombas, granadas, rajadas de metralhadoras e roncos de helicópteros, numa clara alusão a Guerra do Vietnã. Aqueles que tiveram o privilégio de viver o festival de perto, saíram sentindo-se ungidos de santidade. Ainda haveriam outros festivais (como o de Altamont, com 300 mil pessoas), mas nenhum com a força de um Woodstock. Mas o Woodstock não foi só maravilhas....teve as partes podres como: Falta de comida, condições sanitárias precárias, quase inexistentes, muitas drogas, e muito álcool, teve gente que perdeu muita coisa , carros, amigos, e morreram 3 pessoas, mais tb nasceram 3 crianças. Apesar de tudo, não aconteceram nenhuma ocorrência grave. Não foi comunicado nenhum crime violento na área e nenhum caso de roubo ou invasão de domicílio nas casas vizinhas. A ação da polícia limitou-se à apreensão de drogas e pequenos casos, somente. Mais desses 3 dias tiram muita cultura, eles aprenderam o verdadeiro significado das palavras dividir, ajudar, considerar, respeitar, a maioria saiu do Woodstock com uma visão totalmente diferente do mundo. A Feira de Arte e Música de Woodstock, em 1969, trouxe mais de 450.000 pessoas para um pasto no Condado de Sullivan. Durante quatro dias, o local se tornou uma mini-nação contra-cultural na qual as mentes estavam abertas, drogas eram o que havia de mais legal e o amor era "livre". A música começou na tarde de 15 de agosto, sexta-feira, às 17:07h e continuou até a metade da manhã do dia 18 de agosto, segunda-feira. O festival fechou a via expressa do Estado de Nova Iorque e criou um dos piores engarrafamentos da nação. Olha os músicos e bandas que pintaram por lá:
- Joan Baez
- Arlo Guthrie
- Tim Hardin
- Incredible String Band
- Ravi Shankar
- Richie Havens
- Sly & the Family Stone
- Bert Sommer
- Sweetwater
- Quill
- The Who
- Canned Heat
- Creedence Clearwater Revival
- Jefferson Airplane
- The Grateful Dead
- The Keef Hartley Band
- Blood, Sweat and Tears
- Crosby, Stills & Nash (& Young)
- Santana
- The Band
- Ten Years After
- Johnny Winter
- Jimi Hendrix
- Janis Joplin
- Joe Cocker
- Mountain
- Melaine
- Sha-Na-Na
- John Sebastian
- Country Joe and The Fish
- The Paul Butterfield Blues Band
Depois do grande sucesso que foi o Woodstock 69, os " Hippies " tentaram fazer outros Woodstocks...como o de 94 que foi realizado em Saugerties, NY e o de 99 q foi em Bethel, NY. Resumindo nenhum Woodstock terá o mesmo espirito a paz e a cultura do de 1969, afinal os tempos mudaram... http://br.geocities.com/mundohippie/woo.htm

terça-feira, 11 de agosto de 2009

Barbara Kruger

Cindy Sherman

Robert Mapllethorpe

Glossário Bimestral




Glossário 3° Bimestre (em dupla ou individual) entregar até 04 de Setembro, 2,0 pts.

(A capa deve ter uma preocupação com a sua visualidade criativa: releitura de uma obra de arte/colagem/ fotografia ou outra criação que contemple a comunicação visual; normas da ABNT; cabeçalho completo; índice; introdução com no mínimo de 10 linhas, onde a dupla deve colocar a sua visão sobre as artes, sua função social e suas diversidades de linguagens, no 1º parágrafo e posteriormente sintetisar os conceitos que estão sendo apresentados; desenvolvimento: conceito seguido de sua visualidade; Conclusão com no mínimo10 linhas e Referências )

1 - Arte Aborígene Australiana (Johnny Tjupurrula)
2 - Arte de Intervenção
3 - Barbara Kruger
4 - Body Art
5 - Cindy Sherman
6 - Contracultura
7 - Grafiti
8 - Pós-Modernidade
9 - Robert Mapplethorpe
10- Teatro do Oprimido
11- Tropicalismo
12- Woodstock

Dissertação individual - 1,0 pt. (Artes e Português) até 21/08/09

A arte sempre estará viva enquanto expressão indispensável da experiência humana e como importante meio de comunicação na sociedade globalizada, mas o que se observa na contemporaneidade é uma certa exaustão, uma banalização de conteúdo e forma em determinadas linguagens. A questão que se coloca é: tudo é arte? Qualquer um pode ser artista? Como diria Nietzsche, "a arte tem necessidade de certezas, ela não tem de se preocupar em saber aonde vai; ela vai em direção a si mesma, simplesmente porque ela é e porque é levada naturalmente a se lançar e a se desdobrar".

Dissertar criticamente o seu ponto de vista sobre o enunciado acima, colocando também o exemplo das linguagens e estéticas que você considera e consome como Arte. ( Mínimo de 15 linhas )

Contracultura




A Contracultura é um movimento que tem seu auge na década de 60, quando teve lugar um estilo de mobilização e contestação social e com ele novos meios de comunicação em massa. Jovens inovando estilos, voltando-se mais para o anti-social aos olhos das famílias mais conservadoras, com um espírito mais libertário, resumindo como uma cultura underground, cultura alternativa ou cultura marginal, focada principalmente nas transformações da consciência, dos valores e do comportamento, na busca de outros espaços e novos canais de expressão para o indivíduo e pequenas realidades do cotidiano.
Surgiu então a contracultura que pode ser definida como um ideário alternativo que questiona valores centrais vigentes e instituídos na cultura ocidental. Justamente por causa disso, são pessoas que costumam se excluir socialmente e alguns se negam a se adaptarem as visões aceitas pelo mundo. Com o vultoso crescimento dos meios de comunicação, a difusão de normas, valores, gostos e padrões de comportamento se libertavam das amarras tradicionais e locais –- como a religiosa e a familiar --, ganhando uma dimensão mais universal e aproximando a juventude de todo o globo, de uma maior integração cultural e humana.
De um modo geral, podemos citar como características principais deste movimento, nas décadas de 1960 e 1970: - valorização da natureza; - vida comunitária;- luta pela paz (contra as guerras, conflitos e qualquer tipo de repressão);- vegetarianismo: busca de uma alimentação natural;- respeito às minorias raciais e culturais;- experiência com drogas psicodélicas,- liberdade nos relacionamentos sexuais e amorosos, - anticonsumismo- aproximação das práticas religiosas orientais, principalmente do budismo;- crítica aos meios de comunicação de massa como, por exemplo, a televisão;- discordância com os princípios do capitalismo e economia de mercado. Os precursores da revolução contracultural foram os chamados beatniks, cuja característica mais importante foi o inconformismo com a realidade do começo da década de 1960. Os líderes do movimento beatnik, que serviu de base para o movimento hippie, foram Jack Kerouac, Allen Ginsberg e William Burroughs. O principal marco histórico da cultura "hippie" foi o "Woodstock," um grande festival ocorrido no estado de Nova Iorque em 1969, que contou com a participação de artistas de diversos estilos musicais, como o folk, o "rock'n'roll" e o blues, todos esses de alguma forma ligados às críticas e à contestação do movimento.
Na segunda metade dos anos 60, Ken Kesey, Alan Watts, Timothy Leary e Norman Brown criaram a teoria e práxis contracultural, ganhando destaque e transformando-se nas lideranças do movimento. Com relação ao mundo musical, podemos citar a cantora Janis Joplin como o símbolo deste movimento na década de 1960. As letras de suas canções e seu estilo fugiam do convencional, criticando, muitas vezes, o padrão musical estabelecido pela cultura de massa. Os músicos Jim Morrison e Jimi Hendrix também se encaixam neste contexto cultural. Atualmente a contracultura ainda vive, porém esta preservada em pequenos grupos sociais e artísticos que contestam alguns parâmetros estabelecidos pelo mercado cultural, governos e movimentos tradicionalistas.

Arte Aborígene Australiana - Johnny Tjupurrula




JOHNNY TJUPURRULA - Punglu man dreaming - 175 x 65 cm acrylique sur toile 1998
A arte aborígene australiana é uma das últimas geniais tradições de arte para serem apreciadas. O uso efêmero de materiais torna difícil determinar hoje em dia a idade da maioria das formas praticadas nessa arte. As formas mais duráveis são as múltiplas gravuras e pinturas em rochas encontradas no continente. Em Arnhem Land, evidências sugestionam que as pinturas foram feitas quinze mil anos atrás - anteriormente a pinturas rupestres paleolíticas de Altamira e Lascaux na Europa. Desenhos de gravuras foram encontradas no sul da Australia e datadas há treze mil anos atrás. Recentes estudos indicam que gravuras e pinturas desse e outros tipos de arte aborígene, mantiveram contínua atividade artística ao longo do milênio.
Sonho Aborígene (The Dreamtime) - Para os aborígenes arte é significado do presente conectado ao passado e a seres humanos com o mundo sobrenatural - aos poderes ancestrais. Ela é puramente espiritualista e envolvida em tudo que é natural no universo. A vida espiritual aborígene centra-se no sonho. Termo usado para descrever a ordem espiritual, natural e moral do cosmos. Isso relata o período da gênesis do universo para o tempo além da viva memória. E essa é a real crença deles. O termo sonho não é sinônimo de um estado de sono ou irreal, mas sim um meio para o estado da realidade acima do mundano. O sonho foca atividades e escrituras épicas dos seres sobrenaturais e ancestrais sendo: o arco-íris serpente, o homem iluminado, as irmãs Wagilag, Tingari e Wandjina - ambos tem formas humanas e não humanas - viajando através do mundo e criando tudo nele. Provendo as leis sociais e de comportamento religioso. O sonho define não somente o passado, mas dá também a moldura ideológica pra cada sociedade humana retendo o equilíbrio harmônico com o universo. Fotos abaixo mostram o didgeridoo - instrumento musical aborígene usado como uma flauta que imita os sons da natureza. Talvez seja o instrumento musical mais antigo do planeta.

Johnny Tjupurrula - Revelou-se entre os artistas aborígenes devido a sua abordagem inovadora e de sua técnica delicada. Sua pintura também para o desenvolvimento de estradas. pistas e assentamentos. Em troca seu trabalho foi remunerado na forma de bens consumíveis, comida, farinha, chá, açúcar, tabaco e produtos horticolas frescos. Johnny sempre aceitou a ideia de que suas pinturas são histórias aborígenes. Ele nunca permitiu qualquer infiltração de influências européias e raramente utiliza representações literais de objetos. A pintura aborígene australiana usa sinais e símbolos, utilizando tintas no corpo. Devido essa "pureza" suas obras mantêm uma integridade que os coloca entre as mais significativas produção de arte seminal.

A arte visual aborígene tem diversas formas, desde a gravura em pedra até a simples arte de decorar o corpo, pinturas no solo e esculturas cerimoniais em madeira. A colocação de novas técnicas e materiais como a tela e a tinta acrílica facilitou novas criações e formas artísticas. Uma das técnicas observadas na Australia é o uso da lona no chão como suporte sem moldura. Aparentemente abstrata, a arte aborígene carrega diversos significados relacionados com sua tradição. A figura de animais, bumeranges, cangurus no momento de caça e temas relacionados a vida no deserto são apenas alguns exemplos da figuração artística desse povo.

Graffiti





Outros Nomes
Esgrafiado, Graffite, Graffito, Grafite, Grafito, Grafitos, Sgraffite e Sgraff
As inscrições em muros, paredes e metrôs - palavras e/ou desenhos -, sem autoria definida, tomam a cidade de Nova York, já no início da década de 1970. Em 1975, a exposição Artist's Space, na mesma cidade, confere caráter artístico a parte dessa produção, classificada como graffiti. A palavra, do italiano graffito ou sgraffito ("arranhado", "rabiscado") é incorporada ao inglês no plural (graffiti) para designar uma arte urbana, com forte sentido de intervenção na cena pública. Giz, carimbos, pincéis e, sobretudo, spray são instrumentos para a criação de formas, símbolos e imagens em diversos espaços da cidade. O repertório dos artistas é composto por ícones do mundo da mídia, do cartum e da publicidade, o que evidencia as afinidades do graffiti com a arte pop, e com a recusa em separar o universo artístico das coisas do mundo. Os grafiteiros remetem às origens de sua arte às pinturas pré-históricas e às inscrições nas cavernas. Nos termos de Keith Haring (1958-1990), um dos principais expoentes do graffiti nova-iorquino: "Decidi voltar ao desenho, que mudou pouco desde a pré-história e ainda guarda a mesma origem". A definição e reconhecimento dessa nova modalidade artística obrigam ao estabelecimento de distinções entre graffiti e pichação, corroboradas por boa parte dos praticantes. Apesar de partilharem um mesmo espírito transgressor, a pichação aparece associada nos discursos críticos a uma produção essencialmente anônima, sem maior elaboração formal e realizada, em geral, sem projeto definido. No graffiti, por sua vez, os artistas explicitariam estilos próprios e diferenciados, mesclando referências às vanguardas e outras relacionadas ao universo dos mass midia. Cabe lembrar que vários artistas modernos - Brassaï (1899-1984), Antoni Tàpies (1923), Alberto Burri (1915-1995) e Jean Dubuffet (1901-1985), entre outros - também incorporam elementos dos grafitti às suas obras.
A produção de Keith Haring se caracteriza pela ironia e crítica. No início dos anos 1980, suas imagens em giz ocupam as superfícies negras das paredes do metrô, destinadas a cartazes publicitários. Bebês engatinhando, cachorros latindo, figuras magricelas etc. são marcas características do artista. Em 1982, o mural com cores fluorescentes no Lower East Side e a animação para painel eletrônico na Times Square, Nova York, projetam o nome do artista, que irá desenvolver, a partir de então, projetos fora dos Estados Unidos: entre eles, o trabalho realizado no Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro - MAM/RJ (1984) e a intervenção no Muro de Berlim (1986). As telas de Haring - por exemplo, Portrait of Macho Camacho (1985) e Walking in The Rain (1989) - guardam semelhanças com os graffiti, seja pela manutenção da linha solta das inscrições e rabiscos, seja pelo repertório mobilizado.
Jean-Michel Basquiat (1960-1988) é outro nome importante dessa modalidade de produção artística. Basquiat enfatiza as ligações do graffiti com o hip hop e com o mundo underground dos pichadores, que o trabalho de Haring anuncia. Original de uma família haitiana, Basquiat enraíza sua arte na experiência da exclusão social, no universo dos migrantes e no repertório cultural dos afro-americanos. Ao longo dos anos 1970, seus "textos pintados" tomam os muros do Soho e do East Village em Nova York, redutos de intelectuais e artistas, e fazem dele um artista conhecido. Mas será na década seguinte que a caligrafia visual de Basquiat - com suas referências à anatomia humana, ao rap, ao break dance e à vida nova-iorquina de modo geral - passa a ser reconhecida, sobretudo em função de sua colaboração com Andy Warhol (1928-1987), em Arm and Hammer (1985), por exemplo.
As obras de Haring e Basquiat tornam-se referências para experimentos com graffiti realizados em grandes cidades de todo o mundo. Em São Paulo, as imagens de Alex Vallauri (1949-1987) - figuras das histórias de quadrinhos, carrinhos de supermercado, o jacaré da marca Lacoste etc. - começam a ser identificados, entre 1978 e 1979. Ao lado dele, destacam-se os trabalhos de Waldemar Zaidler (1958) e de Carlos Matuck (1958). O grupo Tupinão Dá (1986) - Carlos Delfino, Jaime Prades (1958), Milton Sogabe (1953), José Carratu etc. - é outra referência importante quando o assunto é o graffiti em São Paulo. O grupo realiza performances e grafitagens pela cidade em toda a década de 1980. A Bienal Internacional de São Paulo de 1987 abre espaço para esta produção, ao exibir uma parede pintada pelo grupo. Os adeptos do graffiti entre nós reconhecem o seu débito em relação à arte pop e às experiências dos artistas norte-americanos.

Body Art




Body art, ou arte do corpo, designa uma vertente da arte contemporânea que toma o corpo como meio de expressão e/ou matéria para a realização dos trabalhos, associando-se freqüentemente a happenings e performances. Não se trata de produzir novas representações sobre o corpo - encontráveis no decorrer de toda a história da arte -, mas de tomar o corpo como suporte para realizar intervenções, de modo geral, associadas à violência, à dor e ao esforço físico. Pode ser citado, por exemplo, entre muitos outros, o Rubbing Piece, 1970, encenado em Nova York, por Vito Acconci (1940), em que o artista esfrega o próprio braço até produzir uma ferida. O sangue, o suor, o esperma, a saliva e outros fluidos corpóreos mobilizados nos trabalhos interpelam a materialidade do corpo, que se apresenta como suporte para cenas e gestos que tomam por vezes a forma de rituais e sacrifícios. Tatuagens, ferimentos, atos repetidos, deformações, escarificações, travestimentos são feitos ora em local privado (e divulgados por meio de filmes ou fotografias), ora em público, o que indica o caráter freqüentemente teatral da arte do corpo. Bruce Nauman (1941) exprime o espírito motivador dos trabalhos, quando afirma, em 1970: "Quero usar o meu corpo como material e manipulá-lo".
As experiências realizadas pela body art devem ser compreendidas como uma vertente da arte contemporânea em oposição a um mercado internacionalizado e técnico e também relacionado a novos atores sociais (negros, mulheres, homossexuais e outros). A partir da década de 1960, sobretudo com o advento da arte pop e do minimalismo, são muito questionados os enquadramentos sociais e artísticos da arte moderna, tornando-se impossível, desde então, pensar a arte apenas com categorias como pintura ou escultura. As novas orientações artísticas, apesar de distintas, partilham um espírito comum: são, cada qual a seu modo, tentativas de dirigir a arte às coisas do mundo, à natureza, à realidade urbana e ao mundo da tecnologia. As obras articulam diferentes linguagens - dança, música, pintura, teatro, escultura, literatura etc. -, desafiando as classificações habituais, colocando em questão o caráter das representações artísticas e a própria definição de arte. As relações entre arte e vida cotidiana, o rompimento das barreiras entre arte e não-arte, e a importância decisiva do espectador como parte integrante do trabalho constituem pontos centrais para parte considerável das vertentes contemporâneas: arte ambiente, arte pública, arte processual, arte conceitual, earthwork, etc.
A body art filia-se a uma subjetividade romântica, que coloca o acento no artista: sua personalidade, biografia e ato criador. Retoma também as experiências pioneiras dos surrealistas e dadaístas de uso do corpo do artista como matéria da obra. Reedita ainda certas práticas utilizadas por sociedades "primitivas", como pinturas corporais, tatuagens e inscrições diversas sobre o corpo. O teatro dos anos 1960 - o Teatro Nô japonês, o Teatro da Crueldade, de Antonin Artaud (1896-1948), o Living Theatre, fundado por Julian Beck e Judith Malina em 1947, o Teatro Pobre de Grotowsky (1933), além das performances - constitui outra fonte de inspiração para a body art. A revalorização do behaviorismo nos Estados Unidos, e das teorias que se detêm sobre o comportamento, assim como o impacto causado pelo movimento Fluxus e pela obra de Joseph Beuys (1921-1986), nos anos 1960 e 1970, devem ser considerados para a compreensão do contexto de surgimento da body art.
Alusões à corporeidade e à sensualidade se fazem presentes nas obras pós-minimalistas de Eva Hesse (1936-1970), que colocam a sua ênfase em materiais de modo geral não-rígidos. O corpo sugerido em diversas de suas obras - Hang up (1965/1966) e Ishtar (1965) por exemplo -, assume o primeiro plano na interior da body art, quando sensualidade e erotismo são descartados pela exposição crua de órgãos e atos sexuais. As performances de Vito Acconci são emblemáticas. Em Trappings (1971), o artista leva horas vestindo o seu pênis com roupas de bonecas e conversando com ele. "Trata-se de dividir-me em dois", afirma Acconci, "tornando o meu pênis um ser separado, outra pessoa". Em Seedbed (1970), o artista masturba-se ininterruptamente. Denis Oppenheim (1938) submete o corpo a partir de outras experiências. Sun Burn (1970), por exemplo, consiste na imagem no artista exposto ao sol coberto com um livro, em cuja capa lê-se: "Tacties". Air Pressures (1971), por sua vez, joga com as deformações impostas ao corpo quando exposto à forte corrente de ar comprimido. Chris Burden (1946) corta-se, com caco de vidro, em Transfixed. Na Europa, tem lugar uma vertente sadomasoquista do movimento em artistas como Rebecca Horn (1944), Gina Pane (1939-1990) e com o grupo de Viena, o Actionismus, que reúne Arnulf Rainer (1929), Hermann Nitsch (1938), Günter Brus (1938) e Rudolf Schwarzkogler (1940-1969). Este último, suicida-se, com 29 anos, diante do público, numa performance. Queimaduras, sodomizações, ferimentos e, no limite, a morte, tomam a cena principal nessa linhagem da body art. No Brasil, parece difícil localizar trabalhos e artistas que se acomodem com tranqüilidade sob o rótulo. De qualquer modo, é possível lembrar as obras de Lygia Clark (1920-1988) que se debruçam sobre experiências sensoriais e tácteis, como A Casa é o Corpo (1968) e alguns trabalhos de Antonio Manuel (1947) e Hudinilson Jr. (1957).