quinta-feira, 25 de setembro de 2008

A Máquina, de Adriana Falcão




A Máquina, de Adriana Falcão, é uma fábula que fala de amor, desencontros, encontros. O envolvimento do texto é, no entanto, sua narrativa. Tendo como cenário uma cidade imaginária, chamada de Nordestina. Adriana Falcão cria a estória de um lugar, onde ninguém mais quer ficar. As coisas só acontecem de Nordestina pra lá, o mundo passou a ser qualquer lugar, menos Nordestina. Nesse canto sem futuro acontece o amor entre Antônio e Karina. Ele só quer o amor dela. Ela quer isso, mas também quer o mundo. Disposto a não lhe negar nada, Antônio cruza os limites da cidade para trazer o mundo para Karina. A Máquina acerta ao misturar ficção com romance. A história de amor que além do sucesso em livro e em peça teatral, virou também filme, A Máquina, estréia do diretor pernambucano João Falcão. O livro foi escrito por Adriana Falcão, mulher do diretor, que adaptou e dirigiu o texto para a peça teatral. O espetáculo aplaudido e cultuado revelou o talento de dois atores baianos, hoje famosos: Lázaro Ramos e Wagner Moura. No teatro, os dois fizeram o papel de Antônio, o protagonista, que no filme é defendido pelo novato Gustavo Falcão (sobrinho do diretor). No cinema, Ramos e Moura fazem apenas pontas, o primeiro como um louco internado num hospício, e o segundo como o apresentador de um programa de televisão sensacionalista. Uma surpresa no elenco é o veterano Paulo Autran, que raramente faz cinema nos dias de hoje. A história é ambientada na pequena cidade de Nordestina, típico lugarejo localizado no fim do mundo, onde ninguém quer ficar. Menos Antônio (Gustavo Falcão), rapaz sonhador, que só tem olhos para a menina que mora na outra rua, Karina (Mariana Ximenes). Karina, no entanto, também não vê a hora de sair dali. Quer ser atriz de televisão. Por isso, ensaia diariamente com Antônio e esta é a chance do rapaz de ficar bem perto de sua musa - que não repara o quanto ele está apaixonado. Mas chega o dia em que ela anuncia sua partida, rumo ao mundo dos sonhos. Antônio a faz ficar, em troca da promessa de que irá trazer esse mundo para ela. A maneira como ele cumpre essa promessa é engenhosa e não deve ser revelada para não estragar a graça de assistir ao filme. No final, Antônio promete, em um programa de TV, que viajará até o futuro. Emissoras de todo mundo deslocam-se para Nordestina para cobrir o evento, que tem uma série de conseqüências inesperadas. A Máquina acerta ao brincar com o tempo sem parecer infantil. Todo o artificialismo dos cenários e o uso da música são colocados a serviço da narrativa. É um filme surpreendente, no melhor sentido, também graças à qualidade da equipe técnica - especialmente Walter Carvalho na fotografia; Marcos Pedroso na direção de arte; Kika Lopes no figurino; a trilha sonora de Robertinho do Recife e Chico Buarque de Holanda (que compôs uma canção inédita Porque Era Ela, Porque Era Eu).

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